quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Aroma



Oi meu dengo.

Eu queria estar escrevendo neste momento mais um dos textos que já fiz quando você, em minha mente, contemplava a lua em seu quintal, ouvindo minhas palavras e me olhando com esses olhares profundos e o sorriso enviesado que brinca em seu rosto. Infelizmente cada ato nosso tem consequência e eu, irremediavelmente, estou colhendo o amargor da semente que plantei. 

Eu conheço a dor de produzir palavras tristes, mas dessa vez é diferente! Não dói escrever. Não dói pensar em você. Só sorrisos brotam no meu rosto, empapado de lágrimas, quando você me vem à cabeça, a cada cinco minutos, me fazendo pegar o celular institivamente pra olhar sua foto do perfil. O que dói é não poder te chamar ali na mesma hora e dizer “ei dengo, saudade de você” e mandar aquela figurinha pecaminosa que faz a gente rir sempre da mesma coisa, quebrando todo tipo de clima, mas que não conseguimos deixar de mandar. O que dói não é devanear como teria sido a gente na rede, como falamos tantas vezes, é olhar pra a rede e saber que ela não vai ser pressionada por nossos braços e pernas, desengonçados, descobrindo que não é assim tão confortável por muito tempo, mas rindo juntos e se abraçando de qualquer jeito, antes de desistir e se largar no sofá.

Eu vivi, antes e agora, dias de devaneios, de sonhos, de compartilhar contigo cada desejo que tínhamos de viver coisas simples, a ponto de associarmos nossos perfumes com tanta força que, mesmo sem nunca sentir um no outro, se eu levar aquele sachê ao nariz e fechar os olhos, é seu rosto que eu contemplarei de automático. A caixa dele está devidamente guardada agora e o que dói é saber que aquele aroma permanecerá apenas no chá.

As minas, as cachoeiras, os acampamentos em algum lajedo qualquer, as ametistas, tudo que me lembra você perdeu o brilho. Não faz mais sentido! E o que angustia é exatamente saber que a dor não está nas coisas. A dor reside em não poder tê-las, em não poder pertencer a elas em sua mente. A dor é algo impalpável, não vem de perto, mas de algo inalcançável. E ainda assim parece que cada coisinha dessa me foi arrancada do peito a fórceps, deixando para trás o vazio.

Aqui dentro desse peito lacerado, num cantinho, no meio do esmagador nada que restou, agarrado ferrenhamente, como se sua vida dependesse disso, um persistente devaneio. Uma abstração que persiste em acreditar que um dia ainda estaremos à beira do Tiburtino, largados ao sol, sorrindo como se ele nunca fosse se pôr.

E que devaneio teimoso é a esperança... 

domingo, 13 de junho de 2021

Proibido

 



O que fazer quando um querer não pode ser gritado e levado pelo vento? Como lidar com um desejo que, proibido, censurado, calado, não pode lacerar o peito e tomar de impulso todo o corpo e alma desejados, em um espasmo convulsionante, porém sincronizado, consumindo-se em saciedade?

Desde que você apareceu em meu caminho, cada boa noite oculta um pedido, uma expressão desejosa, um sussurro que deveria ser feito ao ouvido. Cada bom dia expressa o desejo de amanhecer em carícias leves, que carregam na ponta dos dedos toda a eletricidade que desperta o corpo e o espírito.

O que fazer eu não sei. Desprezo saber. Porém sei, cá errado e persistente no erro, que quero continuar a ver-te ruborizada quando falo, com o mesmo encantamento e a mesma dose de lascívia, tanto do seu sorriso avassalador, belo e apaixonante, quanto das suas coxas e da curva perfeita que seu quadril faz ao inclinar a bunda de modo provocador, esperando por meu sorriso desajeitado e rindo de minhas palavras atrapalhadas ao ficar completamente descompassado com seu intento.

Quero continuar a ver, ainda que apenas quando fecho os olhos, você, completamente nua, deitada em minha cama, a pele reluzente refletindo a fraca luz que rompe as cortinas, confortável, descansando, recuperando o fôlego e aguardando que a alma retorne para o corpo, após ter sido lançada em combustão. Quero recostar-me ao seu lado e alisar suas costas, rindo ao ver o choque ao primeiro toque, e me deliciando com seu prazer ao ser tocada, evidenciado por cada ponto de arrepio em sua pele...

E que afortunado serei eu, se cada devaneio por nós dois construído, imaginado, trocado e alimentado, puder realizar-se, com adendos e ousados improvisos, como chamas que se materializem do calor emanado de nossos corpos e que resfriam em vapor a cada arfar impulsionado por nosso peito soluçante de desejo e de êxtase. Como a materialização da suavidade áspera da pele, sempre presente como uma imaginação abstrata, agora arranhada efusivamente em despejo por cada arroubo insaciável de prazer.

A dúvida torna-se irrelevante, o receio do devir torna-se distante. Não nos importa o amanhã. Nossos corpos são o agora. Nossos corações estão em profusão. Não esperam, não duvidam, não receiam. Ambos apenas gozam como se a exaustão fosse o alcançar do paraíso. Em uma harmonia material e abstrata, transcendente e imanente, que une corpo e espírito em uma só pira de fogo ardente e incessante.


Se é certo não sei. Não me importo mais. O que sei é que, se também assim desejar, que deixemos arder!


sexta-feira, 7 de maio de 2021

Nunca




 


Vamos viajar? Eu e você. Só. Pegar a estrada em direção a um lugar isolado, qualquer um. Uma cachoeira escondida no meio da caatinga, um chalé na beira do mar, ou uma pousada na Chapada? Qualquer lugar que tenha alguma água correndo por perto... Quero poder acordar com a luz do sol, sem alarmes e sem compromissos, poder olhar para o lado e te ver, nua, dormindo serenamente, alisar suas costas e, caso você acorde, que comecemos nosso dia em tremores, arfares e no saciar da vontade do outro. Quero levantar, fazer um café forte, comer um cuscuz, te ver se lambuzar e ficar abestalhado enquanto você ri da própria bagunça. E que nunca diminua a leveza.

Não teríamos, ao menos por um par ou dois de dias, compromissos a comparecer, cronogramas a cumprir, respostas a dar, teríamos apenas um ao outro e uma vontade de que aquele tempo dure muito! Com toda a leveza de apenas estar apreciando a companhia do outro. Sair, caminhar pela praia, ou pelo rio, falar bobagens e amenidades, se abraçar todas as vezes que assim der vontade e, por favor, que nunca acabem os beijos e os arfantes sorrisos que os precedem.

Voltaríamos ao nosso quarto, ou barraca, ou chalé, eu iria ao violão pra te ouvir cantar, desajeitados, contentes, felizes e nos divertindo. Nos embriagaríamos, não só do líquido, ou da fumaça, mas também um do outro, do desejo, do ardor, das carícias. E que nunca faltem afeto e afago, combustíveis intermináveis.

Ir embora talvez fosse triste. O mundo nos aperta, suprime, entristece e amedronta. Somos levados a ter receio dos afetos, das perdas, das decepções. Mas levaríamos conosco a certeza de que, mesmo que sempre devamos apreciar o momento sabendo que ele acabará, estaremos sempre ao alcance do outro. Aquele rosto lambuzado, os pés na água, o violão no canto, os abraços e afagos. E que nunca falte caminho para retornar.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Madrugada


 



Acordo lentamente, ao sentir um movimento seu e olho com cuidado para a cena hipnotizante à minha frente: Sua pele pálida reflete a luz que entra, insistente, pelas cortinas mal fechadas e destacam as pintinhas que salpicam suas costas. Passo a mão ali de leve e sinto sua pele arrepiar. Você dorme um sono leve, suspira ao menor toque. Te abraço, então, beijo seu pescoço e passo a mão por sua barriga, e sinto você, sem sequer abrir o olho, agarrar minha mão e a puxar para o peito. Sinto uma brasa se acender em meu peito quando você inclina o pescoço, convidativo, magnético, deixando aquela pele suave à mostra... e sinto ela com meus lábios já arfantes, enquanto te puxo pra mais perto e sinto suas costas encostarem em meu peito. Quando você joga o braço por trás e me puxa pelo quadril é como se aquela brasa se acendesse em chama e, mesmo que continuemos a nos mover com suavidade, absorvendo cada centímetro explorado, uma supernova explode entre nossos corpos!

Beijo suas costas e vou em direção à sua boca, enquanto sua mão passeia por minhas coxas e você começa a arfar baixinho. Quando nossos lábios se tocam você se vira e num impulso quase violento me joga para trás! Por um átimo minha mente se assusta, mas antes que ele terminasse você já estava segurando meus pulsos acima da minha cabeça enquanto me beija com avidez. Um leve farfalhar das cortinas, você levanta para respirar e vejo o sorriso mais encantador do mundo aparecer entre lufadas de ar e você passa a mão em meu peito, volta a me beijar e me dizer coisas, baixinho, que sempre pertencerão apenas a nós!

Suas mãos passeiam pelo meu corpo, às vezes se entrelaçando com meus dedos ao cruzar as minhas que exploravam cada centímetro de sua pele suave, que se marcava suavemente ao sentir meu aperto. A sua voz escapa, incontrolável, em momentos de controle tênue, rapidamente sufocada pelas costas da sua mão, exigindo que a outra apertasse a minha pele, numa tentativa de recuperar o controle.

Vez ou outra um movimento brusco, um puxão para jogar-se por cima do outro, uma valsa interminável de rompantes em resposta à sede que parecia aumentar a cada gole que tomávamos um do outro, as bocas sempre sedentas e arfantes pareciam ter congelado em inacreditáveis sorrisos, que insistiam em decorar aquela cena, normalmente tão rígida, mas que, em nossos corpos, fluía com uma suavidade relaxante, até carinhosa, ainda que não parasse de aumentar a chama que ardia com o encontro de nossos peitos.

Aquela dança, intensa, que esquentava nossos corpos, parecia que nos impulsionava a querer mais o outro! Cada vez que você sussurrava me dava mais desejo de você, do atrito com sua pele, de sentir cada vibração e reação espontânea da sua pele e os espasmos em suas coxas!

A energia em nós, que parecia infinita, dá seus últimos suspiros e não mais aguentamos sequer falar! Bebemos tanto um do outro, saciamos nossa sede, então ficamos ali, suspensos, lívidos, respirando abraçados, trocando carícias e sorrisos intermináveis. Mas inesperadamente, com um olhar lascivo, intenso, e após uma evidente e descarada mordida no lábio inferior você se aproxima do meu ouvido e, com uma mão passando pela minha coxa, sussurra novamente e desperta algo em mim...

Mais sede!

Mergulho



 

Em meio a uma divagação sobre os astros, revelações inesperadas

Sintonizamos o desejo, a vontade, a sede, surpreendentes pares desconectados

Ansiamos por tornar as sensações, já descritas, reais... Palpáveis! Memórias!

O vislumbre nos torna ainda mais sedentos e mergulhamos um no outro

Uma imersão súbita, forte, mas tão leve que convida mais para o fundo

Uma inusitada suavidade intensa, um fazer sentir, uma explosão sussurrada

Duas luas frias passam a nos procurar, contagiando e alimentando sem nos ver

Sua pele branca, único reflexo de luz em nosso mergulho, ilumina meu rosto lívido

Páginas são trocadas tanto quanto sorrisos, que já não sabem mais o caminho de ir embora

Carícias viram afagos, tornam-se "safarinhos" e descansam em novas carícias

A cada beijo sorrindo, uma chama nova aquece o peito

Emergimos, saímos da água, a sede nos acompanha

 

E mais mergulhos o corpo pede, implora!

Mais saltos, profundos, leves

Mais água me torno, mais água quero ser e mais quero beber

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Sensações

 




O tato pode ser uma conexão profunda. Sentir o toque, a reação involuntária a ele, o arrepio e a contração da pele que se defende de um toque estranho que, mesmo assim, às vezes pode ser convidativo. O olhar, porém, é uma conexão ainda mais potente! Observar o outro, as expressões, os detalhes involuntários de milhões de microexpressões que, num átimo, entregam o que há por dentro de atraentes camadas de mistério, isso é fascinante! Esquadrinhar cada linha, memorizar as formas, vislumbrar cada mudança no rosto causada por uma linha de sorriso que se espalha em direção aos olhos. Riqueza. Mas nenhuma conexão física é mais profunda que ouvir! Se fechar os olhos, ouvir a voz dançando através dos ouvidos, as respirações antes de cada frase, que modificam a intensidade do que é dito, a intensidade de uma sonoridade que, às vezes, nos carrega a um nirvana sensitivo. Arranca, arrasta, transcende! Transforma um suspiro em ventania, deixando nada atrás, arrastando uma pífia tentativa de se manter concentrado. Uma risadinha incontrolável que interrompe uma frase vira um terremoto e não há este que diga que consegue manter-se em pé, ao ouvir tal som, sem também agarrar-se a um sorriso. São forças da natureza! Sem nos tirar do lugar, nos fazem sentir livres, sem limites, sem corpo, sem prisões...

E a natureza, caprichosa que só ela, nunca há de se contentar em enviar apenas uma das suas armas para nos mostrar que não passamos de um brinquedo a seu deleite. O espírito, desavisado, inocente, atraído pelo brilho radiante de sua beleza selvagem, impulsiona-se em direção às suas garras, querendo sentir o arrepio magnético do tato, dançar pelas linhas hipnóticas de um sorriso, ser arrastado por uma voz suave e poderosa... Não importam os perigos! O desejo, primal, é fundir-se a essas forças, sentir elas transpassarem pele, alma e mente, numa apoteose de desejo, fúria, emoção e paixão...

Apenas... Leva-me!

domingo, 11 de abril de 2021

Saia!

 




Oi. Peço-te um agrado. É pouca coisa, questão de necessidade, para que meus sonhos voltem a ser tranquilos e ao acordar o repouso tenha descansado meu corpo:

Por favor. Saia da minha cabeça! Saia dos meus sonhos! Saia do meu olhar, deixe-me em paz quando vejo a lua, ou quando sobe o cheiro de terra molhada! Por favor! Não aguento mais te sentir em meu café! No delicioso amargor que estrala ao toque quente, tal qual sentir sua língua roçando meu pescoço, procurando os pontos por ele espalhados. Não me aquieto mais ao deitar na rede para descansar o fim da tarde, pois o vento que assobia em meu rosto me sugere que “chegue pra lá” para que você possa se aninhar em meu peito. Não suporto mais observar a chuva, pois é impossível não pensar nas vezes que você falou estar deixando que a neblina escorra por seu rosto, por suas curvas, escorrendo por entre as mechas de seu cabelo e arrepiando sua pele ao tocar friamente seus ombros.

Estou desamparado! Sinto que não consigo respirar! Você está em todos os lugares! Nas músicas que ouço, percebo seu nome oculto em cada verso; nos filmes que vejo, ouço sua risada ressoar junto à minha em uma tirada. Minha mão parece sempre se fechar, como se a sua devesse estar ali para ser apertada!

Espero que entendas minha angústia, meu afligir sufocado. Não suporto mais ver-te em todas as cores, escutar-te em todos os sons, sentir-te em cada toque e arrepio, imaginar sua pele em cada aroma, como se tudo cheirasse a essência de maçã com canela...

Sendo assim, te peço, desesperadamente, que pare! Que, em nome da paz em meu espírito e do meu sono tranquilo, assim repito, rogando e apelando ao seu bom senso: saia da minha cabeça!

E ao sair, que venha para meu lado! Para que não mais eu imagine, não mais eu sonhe, não mais eu precise fechar os olhos para sentir teu cheiro... mas que ao abri-los, os teus estejam lá, me observando junto com um sorriso, a lua, a chuva, a essência e todos os beijos que pudermos dar, até que nossas línguas queimem no quente amargor do café que sempre estará em nossas mãos.

sexta-feira, 12 de março de 2021

Descanso

 




Um dia cansativo, a mente cheia, uma lufada de descanso merecido. Era fim de tarde, a janela do quarto virada para oeste permitia a entrada do sol em um raio alaranjado que ondulava quando um vento batia na cortina. A fórmula perfeita para um descanso do corpo e da alma. E, mal sabia eu, que de outros cansaços também...


Sabe quando você acorda "sonhando"? Pois é. Eu estava deitado, largado na cama, com ventilador em cima, as roupas já largadas em cima da cadeira. Quando aquele clima bucólico se transformou em um sonho tão vívido eu nem percebi que não estava mais acordado.

Ouço sem ver quando você, com cuidado, abriu a porta, entrou e suavemente passou a mão em minhas costas, me acordando. Acordar num sonho é interessante, a gente desperta, mas o mundo continua turvo. E naquele momento a sua mão alisando minhas costas era a única coisa que eu sentia.

Me inclinei, olhei pra cima e te vi: Você usava um body de renda, preto. Delineava sua cintura e quadril perfeitamente. E a renda contrastava com sua pele, dando ainda mais destaque a seu corpo nu que podia entrever naquele tecido tão provocante.

Um detalhe: Durante todo o sonho nós não proferimos UMA palavra sequer.

Eu me virei de peito pra cima, sorrindo, e você começou a passar a mão por minhas pernas e a beijar meu peito. Ainda bem suave e delicada. Quando tentei pegar na sua cintura, você segurou minha mão com firmeza!

Então colocou meus braços acima da minha cabeça e começou a beijar meu pescoço, com mais avidez, a respiração acelerando no mesmo compasso que a minha. Suas mãos desceram explorando meu corpo inteiro e voltaram a acariciar minhas coxas, da parte de fora pra dentro, apertando com mais voracidade, agora.

Neste ponto começou a subir a mão, passando por minha virilha e explorando um pouco ali. Com suavidade em alguns pontos, mas com firmeza onde a mão melhor se encaixou. Acariciando e estimulando, enquanto a outra mão subia pelo meu quadril e costas até meu pescoço

Neste ponto eu recuperei, num lapso, o controle dos movimentos, e puxei você pra cima, pegando pela cintura e te trazendo até meu quadril. Com você sentada ali eu passei as mãos por suas coxas com firmeza, sentindo a maciez da pele arrepiando e o músculo enrijecendo ao toque, em leves espasmos. Alisei os dedos sentindo seu quadril e parei as mãos por ali. Enfiei os dedos pelas bordas rendadas do body e apertei sua bunda quando você inclinou pra frente e me beijou.

 

Ar... me faltou ar neste ponto...

 

Então você se ergue e com um olhar provocante, lascivo, que parecia penetrar em meus olhos, passou a mão por trás de si e levou ela de minha coxa em direção a minha virilha, alisando minha pele com as unhas. Se levantou um pouco, mexendo os quadris pra frente e pra trás, sentindo a carícia que você mesma conduzia e jogando a cabeça pra trás, aparentemente curtindo a sensação do toque, fechando os olhos e abrindo a boca, num leve, profundo e arfante gemido.

Eu já estava com a mão em sua bunda novamente, apertando. Você abaixou a cabeça, abriu os olhos e me olhou, sedenta, faminta. Então você se abaixou e vorazmente me beijou de novo...

 

O êxtase me acordou, arfante, suado e, apesar da frustração inevitável, com uma euforia inexplicável.

 

Volte... Temos algo a terminar.

quarta-feira, 3 de março de 2021

Companhia lunar


 


Eu não estou aqui.


Mas senta aí no seu quintal, num lugar que bata um vento fresco, de preferência sob a luz da lua. Levante seu expressivo e lindo rosto, com o qual tenho sonhado tão detalhadamente, em direção a ela e deixe que ela a inunde! De cá, de tão longe, estou enviando por ela, velha a miga, um abraço apertado em conforto, aconchego e abrigo. De sua luz pálida, privilegiada, ela ilumina a nós dois, unindo nossos corações em um só, permitindo que, ao menos dessa forma, eles possam se aquecer.

Um carinho em seus cabelos, levado por um suave vento leste, e um afago em sua bochecha, que, queria, estaria acomodada em meu peito, completando nosso abraço apertado. Eu não posso estar aí, não posso te aconchegar em meus braços, te esquentar e te fazer esquecer da dor e da angústia, e isso me corrói. Mas ao olhar para essa luz que nos ilumina, que nos conecta e nos torna próximos, sinta todo meu coração que não mais aqui comigo está, mas bate intensamente em busca de aquecer o seu, que não passará por angustia alguma sozinho.

Estou aqui.