quarta-feira, 5 de maio de 2021

Madrugada


 



Acordo lentamente, ao sentir um movimento seu e olho com cuidado para a cena hipnotizante à minha frente: Sua pele pálida reflete a luz que entra, insistente, pelas cortinas mal fechadas e destacam as pintinhas que salpicam suas costas. Passo a mão ali de leve e sinto sua pele arrepiar. Você dorme um sono leve, suspira ao menor toque. Te abraço, então, beijo seu pescoço e passo a mão por sua barriga, e sinto você, sem sequer abrir o olho, agarrar minha mão e a puxar para o peito. Sinto uma brasa se acender em meu peito quando você inclina o pescoço, convidativo, magnético, deixando aquela pele suave à mostra... e sinto ela com meus lábios já arfantes, enquanto te puxo pra mais perto e sinto suas costas encostarem em meu peito. Quando você joga o braço por trás e me puxa pelo quadril é como se aquela brasa se acendesse em chama e, mesmo que continuemos a nos mover com suavidade, absorvendo cada centímetro explorado, uma supernova explode entre nossos corpos!

Beijo suas costas e vou em direção à sua boca, enquanto sua mão passeia por minhas coxas e você começa a arfar baixinho. Quando nossos lábios se tocam você se vira e num impulso quase violento me joga para trás! Por um átimo minha mente se assusta, mas antes que ele terminasse você já estava segurando meus pulsos acima da minha cabeça enquanto me beija com avidez. Um leve farfalhar das cortinas, você levanta para respirar e vejo o sorriso mais encantador do mundo aparecer entre lufadas de ar e você passa a mão em meu peito, volta a me beijar e me dizer coisas, baixinho, que sempre pertencerão apenas a nós!

Suas mãos passeiam pelo meu corpo, às vezes se entrelaçando com meus dedos ao cruzar as minhas que exploravam cada centímetro de sua pele suave, que se marcava suavemente ao sentir meu aperto. A sua voz escapa, incontrolável, em momentos de controle tênue, rapidamente sufocada pelas costas da sua mão, exigindo que a outra apertasse a minha pele, numa tentativa de recuperar o controle.

Vez ou outra um movimento brusco, um puxão para jogar-se por cima do outro, uma valsa interminável de rompantes em resposta à sede que parecia aumentar a cada gole que tomávamos um do outro, as bocas sempre sedentas e arfantes pareciam ter congelado em inacreditáveis sorrisos, que insistiam em decorar aquela cena, normalmente tão rígida, mas que, em nossos corpos, fluía com uma suavidade relaxante, até carinhosa, ainda que não parasse de aumentar a chama que ardia com o encontro de nossos peitos.

Aquela dança, intensa, que esquentava nossos corpos, parecia que nos impulsionava a querer mais o outro! Cada vez que você sussurrava me dava mais desejo de você, do atrito com sua pele, de sentir cada vibração e reação espontânea da sua pele e os espasmos em suas coxas!

A energia em nós, que parecia infinita, dá seus últimos suspiros e não mais aguentamos sequer falar! Bebemos tanto um do outro, saciamos nossa sede, então ficamos ali, suspensos, lívidos, respirando abraçados, trocando carícias e sorrisos intermináveis. Mas inesperadamente, com um olhar lascivo, intenso, e após uma evidente e descarada mordida no lábio inferior você se aproxima do meu ouvido e, com uma mão passando pela minha coxa, sussurra novamente e desperta algo em mim...

Mais sede!

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