sábado, 23 de abril de 2011

Devir



 Espero. Simplesmente, impacientemente espero. E continuo esperando. A saudade aperta, esmaga o coração. Tudo faz falta. Abraços, sorrisos, piadas, o som da risada... a presença que encanta e sempre desperta aquele arrepio na espinha que a muito não sentia. A distância machuca. Contatos limitados, audíveis, virtuais... Irreais. E por mais ínfimos que sejam, por uma ação cruel, porém previsível, apenas apertam mais a saudade. Então continuo esperando. Por aquele sorriso que brinca com os olhos, por abraços que aquecem o coração, por uma mão delicada que um dia passei os dedos e alisei, estudando a textura da pele, e sentindo a delícia que era o toque daquele veludo macio.
 Mas também sinto saudade de mim! Da sensação gostosa de divertimento ao te ver empertigar-se toda, quando defende seus gostos peculiares e refinados, manias que só a tornam mais única aos meus olhos. Sinto saudade da alegria que me toma ao te ver dançando, mesmo que só tenha visto apenas duas vezes... e em ambas você tenha demonstrado tamanha felicidade, que facilmente me arranca um sorriso ao ver seus olhos brilharem.
 Não há só saudade, há devir! A vontade envergonhada de brincar com dedos e cordas e te ouvir cantar... Ver-te brincar com as palavras, que saem naturalmente belas, já que você não se importará com a técnica, e sim com o sentimento que as palavras e as melodias transbordam! Há também uma vontade já muito falada de enveredar pelas estradas, trilhas e serras, e ver como sua ternura se encaixa perfeitamente à harmonia da natureza, então abraçar-te e perceber que a paisagem, por mais bela que seja, só está completa quando estamos ao lado de alguém com quem vale a pena compartilhar a sensação.
 Então continuo esperando. Com saudade de mim, de minhas reações às suas atitudes, de suas visões de mundo, de você.
 De você.

domingo, 17 de abril de 2011

Gotas e Abraços



Simplicidade simplesmente encanta! Alguns sorrisos podem trazer consigo consolos, confortos, alegria, lealdade... mas o seu parece carregar algo mais que não consigo nomear. E de onde ele surge? Das coisas mais simples e belas que existem! Já te vi rir de piadas sem graça e de bobagens que falo... mas também já houveram situações em que vimos a chuva cair leve e com graça, ou quando paramos num momento divertido em que tentávamos definir qual seria o nome da linda Ágata Azul que você carrega no pescoço, e lá estava de novo, seu rosto se ilumina e um radiante sorriso de moleca parece brincar com seus olhos! Tanto me encanta que sempre fico em silêncio por alguns segundos, apenas admirando como algo tão simples pode ter tantos significados e reações!
Mas a sua simplicidade cativante não se concentra apenas no sorriso! As coisas simples e belas que você admira, o jeito com que canta, sempre brincando com fantasias e pinturas no rosto... e o jeito sapeca como você diz estar fugindo dos cuidados da sua mãe pra tomar banho de chuva! Tudo isso e muito mais me encanta! Num momento de brincadeira e descontração te chamo de “Fofa Cult”, e não retiro o apelido, pois seus modos carinhosos e brincalhões, e a criança que sempre brinca em seus olhos apenas dão vontade de te abraçar sempre mais! Ato que nunca perdi uma oportunidade de fazer! E já que falo disso, aprofundo-me dizendo que abraçar você é uma das coisas mais gostosas que já fiz, me trás a mais pura sensação de felicidade e serenidade, sentimentos que você distribui com facilidade e que eternamente admirarei em você. E que lembro sempre que, imitando um costume seu, sinto a chuva salpicar sobre meu rosto, com os olhos fechados e imaginando que você deve estar fazendo o mesmo, com aquele seu sorriso brincalhão fazendo seu rosto brilhar. Sentimentos, sensações, estados passageiros que sempre parecerão eternos, mesmo que pelo simples e belo momento em que sinto o seu abraço.

domingo, 10 de abril de 2011

Poderoso Brado!




Tudo se inflama!
Gargantas forçadas, punhos erguidos, vozes determinadas
Toda a garra, outrora habitante latente do sangue,
Hoje volta a correr, devagar, pelas veias!
Carregando consigo indignação, revolta...
A certeza de que apenas a união pode fortalecer!
Reunir para edificar!
Todos se tornam tijolos de uma só muralha!
Que a cada nova camada cimentada torna-se mais altiva e impenetrável!
Pichações claras e alarmantes,
Que declaram indignação e pedem respostas!
Respostas que palavras não podem expressar!
O muro não mais aceita promessas, ele quer edificações!
Ternura e firmeza, pichações e flores, música e brados...
O muro mostra seus desejos, sonhos e ideais!
Não desiste! Permanece firme, e cada vez mais adquirindo mais camadas!
E a cada martelada recebida, que acaba por derrubar um tijolo ou dois,
Uma nova camada se junta, e o muro cada vez mais se ergue!
Segue forte, jovem, determinado... na luta por seu ideal!
Avante! Só a luta trás a conquista,
Só a determinação trás a vitória,
Só a união trás a certeza...
De que nunca foi em vão, e que nossa voz nunca será calada!
Que seu grito seja proferido  por várias e várias vezes,
E que cada vez mais certos estejam os que bradarem:
Nas ruas, nas praças, quem disse que sumiu?! Aqui está presente o MOVIMENTO ESTUDANTIL!!



Força aos estudantes da UESB, das UEBas, e a todos aqueles que lutam por um ensino de qualidade!

à Luta!

Apropriação




E de repente acontece,
Sem expectativa ou sequer suspeita,
E chega de uma vez! Arrasando, dominando,
Tomando como seu território onde antes ninguém habitava!
Não era terra de ninguém!
Apenas um lugar onde sabia-se que não devia-se morar.
Então simplesmente chega e toma moradia.
Armas poderosas em prol de sua conquista!
Um sorriso que derruba as barreiras de defesa,
E mãos que arrepiam toda a guarda!
Então toda a muralha que o protegia cai por terra,
Impotente, inútil... sem mais sentido.
O terreno, antes improdutivo e abandonado, hoje prospera vivo e palpitante!
Doce, delicada e radiante, toma posse e domínio.
As mãos que outrora desarmaram a guarda... hoje entrelaçam meus dedos,
Que desacostumados tremem ao suave toque!
E o sorriso... delicado, sincero e puro... irradia vida em todo o espaço,
Torna-se parte dele! Vida, palpitação!
Não se sabe mais aonde termina o terreno...
E onde começa a dona desse coração!

Repentina Mudez




Será possível? Todos nascemos com facilidade em algo, seja em sorrir, mesmo quando não há graça... Seja em acariciar, mesmo quando o carinho serve de consolo e não de prazer... Há aqueles que mesmo sem dizer nada, sabem ser os amigos mais leais, presentes nos momentos mais tenros e difíceis... Mas o meu dom sempre foi o de saber o que falar! É impressionante, como sempre consegui falar a coisa certa no momento certo! Não há crítica, elogio, situação boa ou um apuro em que eu não consiga, através dos meus bons argumentos, encontrar palavras certeiras!
Porém, não sei como, quando seu sorriso entra em foco, apenas consigo sorrir, e nada sai de minha boca, a não ser o fôlego da minha respiração que se torna imediatamente irregular! O mesmo efeito que teus cabelos causam... minha mão, por algum ímpeto, profundo e desconhecido, põe-se a acariciar suas mechas, que sempre macias, voltam sempre a moldar seu delicado rosto... me deixando mais uma vez sem palavras!
Venho tentando com bastante afinco, mostrar o quanto me sinto bem ao estar com você! O quanto sua presença me deixa tranqüilo, sereno... feliz! Mas simplesmente não consigo! As vezes penso em algo bonito pra te dizer, lembrar alguma frase que ouvi e me encantou... mas sua presença simplesmente me cala!
O interessante é que esta deficiência não me aflige mais! Estar contigo, te fazer sorrir, te abraçar e sentir seu cabelo descer pelo meu pescoço, ouvir o som suave e ritmado de sua respiração... tudo me é suficiente, e traz consigo um texto oculto, lindo e penetrante! Um texto cujas palavras não são ditas nem recitadas... apenas sentidas... como as poesias que leio todos os dias em seu olhar!