quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Sede




Após tanto tempo, eis que me deparo novamente com a luz do cobre que brilha em seus olhos. Mas há algo diferente nesse olhar, nessa expressão que me observa... vejo mais maturidade, mais determinação... mais voracidade! E torna-se impossível resistir ao magnetismo desses dois imensos faróis que, agora carregados de uma intensidade e firmeza que antes não tinham, continuam me fitando. Como reagir? Todas as sensações afloram lembranças. A pele se lembra do toque suave e macio da sua, além das reações em cadeia que ele desencadeia: o arrepio, o choque elétrico incendiando todo o corpo e o calor percorrendo as extremidades. Os olhos se lembram da proximidade... de estudar de perto as diferentes nuances da cor acobreada de sua íris e do quão hipnóticos seus enormes olhos podem ser. A boca se lembra do toque aveludado, da sede que desperta, do ímpeto... da sensação de se beijar sorrindo!
Não há como resistir às lembranças, não há como não comparar, como, ao tocar seu corpo, perceber o quanto você está diferente e como ainda é aquela mesma menina com um sorriso zombeteiro, brincando com as minhas sensações e emoções. A voracidade me contagia, não há como evitar. Ao te tomar novamente em meus braços e ao sentir sua cabeça repousar em meu peito, tomo extrema consciência de cada centímetro de meu corpo que está em contato com o seu. Meu ímpeto é me jogar para você e saciar minha sede de sua boca, de seu corpo... de seu êxtase.
Permanecemos nas surdinas, sem alertar nossas intenções, mas perscrutando-nos, analisando-nos, esperando o movimento. Sua voracidade, minha impetuosidade... cúmplices no deslize, cada vez mais nos impelem um ao outro. Ao saciar da sede...

Ao êxtase!


~2015