quarta-feira, 3 de março de 2021

Companhia lunar


 


Eu não estou aqui.


Mas senta aí no seu quintal, num lugar que bata um vento fresco, de preferência sob a luz da lua. Levante seu expressivo e lindo rosto, com o qual tenho sonhado tão detalhadamente, em direção a ela e deixe que ela a inunde! De cá, de tão longe, estou enviando por ela, velha a miga, um abraço apertado em conforto, aconchego e abrigo. De sua luz pálida, privilegiada, ela ilumina a nós dois, unindo nossos corações em um só, permitindo que, ao menos dessa forma, eles possam se aquecer.

Um carinho em seus cabelos, levado por um suave vento leste, e um afago em sua bochecha, que, queria, estaria acomodada em meu peito, completando nosso abraço apertado. Eu não posso estar aí, não posso te aconchegar em meus braços, te esquentar e te fazer esquecer da dor e da angústia, e isso me corrói. Mas ao olhar para essa luz que nos ilumina, que nos conecta e nos torna próximos, sinta todo meu coração que não mais aqui comigo está, mas bate intensamente em busca de aquecer o seu, que não passará por angustia alguma sozinho.

Estou aqui.

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