E então eu os vi entrelaçarem-se em um beijo apaixonado... Carregado de sentimentos, ardores e rompantes... E tudo que consegui neste momento foi pensar em você. Em seu sorriso tímido, em seus movimentos simples e discretos, e em como eu sonhava que fôssemos nós a nos permitir desse jeito. A cena realmente me deprimiu. Não que meus amigos fossem culpados disso! Ao contrário, estavam sendo felizes. E assim demonstravam estar, pois mesmo quando suas bocas não estavam se tocando, seus olhos ternos e recheados de textos de poesias nunca recitadas se miravam, enquanto ela apoiava o cabelo loiro no peito quase arfante dele. E neste momento a inveja de meu amigo me veio com todo fervor! Não por ela, mas pela sorte de estar completo, de tê-la alí com ele, ao exibir um sorriso em resposta aos seus olhares. A minha inveja era por não poder ter você aqui comigo, talvez não fazendo o mesmo, mas permitindo que eu pudesse olhar para teus olhos escuros e profundos e sorrir, para que eu pudesse ver o canto dos seus lábios tremerem por sua costumeira hesitação e que pudesse te abraçar com fervor e te dar toda a segurança que você precisasse! E que pudesse olhar para aquele mesmo amigo e visse ele me lançar o costumeiro sorriso zombeteiro como quem diz: “agora somos todos felizes”.
Estou distante de você e isso me maltrata. Minha maldita insegurança, desenvolvida a duras penas, provoca dúvidas e incertezas todo o tempo. E a tua insegurança me mostra o quanto você precisa da firmeza que eu mantenho tão debilmente. Mas o rio nunca é o mesmo, pois as águas são impulsionadas por outras, e nosso tempo chegará, e não tardará. Espero-te, mesmo que inseguro e não tão paciente, mas esperançoso de que possamos nos dar essa chance. Venha, e toda a paixão confinada em meu peito lhe será dada, e não mais dúvidas haverá, e não mais a insegurança nos afetará, e não mais distância nos afastará.