domingo, 7 de agosto de 2011

Arquejos




Após muitos anos volto àquela casa. Sento-me naquele velho sofá em frente à janela e passo suavemente a mão no forro. Uma sensação nostálgica começa a tomar conta de mim. De repente, as grandes cortinas de seda se agitam e um vento suave lambe meus cabelos e toca meu rosto como veludo, provocando um arrepio em minha nuca, que rapidamente se estende por toda minha espinha até a base côncava da cintura. Fecho meus olhos e me recordo desse mesmo vento suave, desse mesmo forro macio, e de um suspiro suave em meu ouvido. Abro os olhos e você está alí, sentada no outro canto do sofá, de olhos fechados e sentindo o vento alisar seu rosto e agitar seus longos cabelos. Uma visão estonteante, que parece brilhar em seu vestido de cetim, cuja suavidade simplesmente se confunde com sua pele delicada. Quando seus dourados olhos de girassol se abrem e miram o meu, sinto uma sensação dentro de meu peito que a muito não sentia, um despertar ligeiro, o coração pulsando... A respiração acelera... Tento falar algo, mas seu dedo delicadamente interrompe meus lábios enquanto sua outra mão empurra meu peito, me acomodando no sofá. Quando sua perna toca na minha ao contorná-la no momento em que você senta no meu colo, uma descarga elétrica parece emanar de meu corpo, e tocando delicadamente sua cintura eu te trago para perto de mim. Sinto seu peito arfar quando encontra o meu, e fico hipnotizado quando sua boca entreaberta se aproxima devagar da minha, arquejando, suspirando em meu rosto. Minha coluna me impulsiona para frente ao sentir o veludo de seus lábios tocarem os meus e começo a sentir a adrenalina correr alucinada por todo meu corpo. Estudo toda a extensão de suas costas, enquanto minha mão reconhece as delicadas formas de seu corpo. Sinto seu corpo enrijecer ao toque suave de meus dedos. De repente percebo que minha camisa já está jogada no chão e enquanto minhas mãos alisam seu corpo das pernas até os ombros, puxo devagar seu vestido. No momento em que seu vestido cai no chão, outra rajada de vento agita as janelas exatamente no momento em que você joga os cabelos para trás. Fico abismado com a visão do brilho que emana de seu rosto e continuo a sentir cada centímetro de seu corpo. Nesse momento, cada movimento epilético é acompanhado por um pulso elétrico em algum ponto do meu organismo, e o prazer estampado em seu rosto entorpece o meu e me inspira a querer te proporcionar cada vez mais. Sinto a rigidez de seu busto e com a mão em sua cintura te aproximo de mim de novo, sentindo seu corpo explodir junto ao meu, arquejando como se todo o oxigênio não fosse suficiente ao nosso anseio. Nesse momento ouço a janela bater e as cortinas se aquietarem. Procuro por seus olhos dourados e pelo sorriso que sempre me provocou arrepios... Mas você não está lá. Estou suado e arquejando, minhas mãos tremem. Levanto-me e corro as cortinas... Preciso sair dali. Quando dou meus primeiros passos algo me distrai e eu percebo enrolado a um canto um lindo vestido de cetim, com sua cor de marfim brilhando gotas de suor. Abro um sorriso involuntário. Levarei esse vestido comigo, pois agora já tenho aonde ir.






Dedicado a Poliana Amorim... que fez a ideia brotar. ;*

5 comentários: