segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sombra inevitável



De todas as características que as coisas têm, a mais encantadora e a mais destruidora é a finitude! Não existe bem que, com o tempo, mal uso ou abandono, não acabe. Um anel de metal nobre, que, largado num canto, fica entregue às traças, vai enegrecer. Um computador de última geração, que não receba manutenção constante, vai se tornar inútil. Uma imagem no porta retrato, que fique apenas embelezando a escrivaninha, mesmo com o cuidado, o tempo tratará de desfazer. Todas as coisas têm um fim e compreender isso é aterrorizante e ao mesmo tempo belo! Mas o que realmente é assustador é observar que, assim como as coisas, os sentimentos, relações e pessoas também o fazem! O mal uso, mal trato, mau cuidado, é óbvio, destrói tudo que toca. Já o abandono traz consigo uma sombra agonizante, que impede o calor de entrar no coração, fazendo ressoar cada batida com um eco quase fantasmagórico que assusta em cada onda sonora. O tempo pode ser o mensageiro mais cruel da finitude, pois a traz à prestação, deixando ao redor um pedacinho por vez, em cada direção, preenchendo cada espaço existente, para revelar seu tamanho esmagador...

Porém, a finitude não é só nefasta, ela também é de um charme raramente compreensível! É a compreensão da finitude que torna os sentimentos reais! É o vislumbre de sua chegada que faz com que algumas chamas se reavivam, com nova lenha alimentando línguas de fogo mais quentes. É sua presença que torna corações esmorecidos grandes guerreiros impetuosos, que a enfrentam e rechaçam, reafirmando a plenitude do sentimento!! A finitude existe! E sua sombra é inevitável... o que você fará quando ela se debruçar sobre você é que definirá o quanto vale a pena mantê-la à distância. Não a deixe se aproximar... mas não a perca de vista!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Cansaço




Em determinado momento, começa a abater-se o cansaço. Você começa a achar que a atitude tem menos cara de perseverança e cada vez parece mais uma tola insistência. Talvez a paixão que vive na esperança te cegue para o óbvio: Não há mais para onde avançar! Os projetos tão sonhados, o futuro almejado, não passam de projeções na parede da caverna! A verdade é tenebrosa e assustadora. O medo, aquele velho cuja força você sempre defendeu depender da sua atitude sobre ele, mostrou-se uma sombra pesada e profunda. As suas garras entranharam-se de tal forma que não importa o quanto você lute, não consegue arrancá-las.
A vida tem dessas... parece que quando a gente começa a achar que as coisas estão bem encaminhadas, que tudo que você está fazendo para concretizar seus objetivos está correndo da forma esperada, ela vem e te mostra que a maior tolice da existência é achar que se tem algum controle sobre o futuro e a ordem das coisas.
“Ah não se pode deixar tal pessimismo dominar”. Não, realmente não se pode! É preciso contemplação! Perceber que o objetivo não é controlar, mas sim saber como lidar com aquilo que todo o emaranhado de eventos isolados nos apresenta. Após a percepção, o sofrimento é inevitável. Deixar para trás, viver uma vida diferente, separada, não é uma ruptura indolor e que não deixe marcas! Mas passa! Nada dura para sempre, dura apenas o momento suficiente para deixar as impressões necessárias. E é importante desprender-se daquilo que não funciona mais. 
Não, não é conformismo. É consciência! É o primeiro passo rumo à aprendizagem e mais uma evolução.