Cada dor traz consigo a percepção de finitude. É inevitável
pensar que aquilo não passará mais, que você será obrigado a conviver com a sensação
de que algo não desceu pela garganta direito e saiu arranhando tudo
permanentemente. E você sempre vai achar que é impossível sair dessa caverna,
que não dá pra voltar novamente ao ponto de plenitude, em que há, se não
felicidade plena, a busca por ela, estimulada pela esperança e, em alguns casos
maravilhosos, pelo apoio de alguma parceria. Bem, muitos de nós já tivemos essa
sensação.
Então você resolve se dar uma chance, mesmo que sem muita
esperança, de viver um pouco! É comum ter várias experiências que, mesmo boas,
não te deem a satisfação que você procura. Afinal, aquela dorzinha lá atrás
ainda te prende e te atrai para ela.
É irônico ver como, de todas as coisas que eu sempre
defendi, foi exatamente o receio que nos aproximou! Dois abestalhados,
arrastando as correntes do passado, cheios de medo de se mostrar realmente.
Pois exatamente foi sendo abestalhados que nos encontramos, nos identificamos e
nos encantamos! Todo carinho que correu por entre nós foi recheado de sarcasmo,
escárnio, ironias... mas muito afeto! O sentimento de esperança brota junto com
a quantidade de sorrisos, a cada defesa que vai se abaixando, através de um
carinho, uma mordida, ou quando ela se escorou em meu ombro e simplesmente
cochilou!
Mas parece que a vida nos prova novamente e ela parte...
sem previsão de volta e sem termos sequer realmente definido o que queríamos de
nós! A vida não está aqui para ser agradável... Porém, “aos olhos da saudade, como
o mundo é pequeno”, como diria Baudelaire, e a esperança brotada lá atrás
permanece viva! Assim como o apoio e o carinho, mesmo que a distância insista
em nos estapear a cara. E, ora, quem sabe o que o futuro nos reserva?