De repente me ponho a pensar... onde ficou a alma de poeta,
que sabia transformar um sorriso pueril de criança, visto de relance, em uma
revoada de borboletas em um canteiro de flores? O que aconteceu com a
necessidade latente de canalizar em palavras a profusão de cores e explosões
fantásticas de sentimentos, emoções e impulsos que transbordava da mente e do
coração? Em que ponto a criatividade se escondeu?
Será que deixei que as preocupações cotidianas acabassem com
o olhar de criança? Mudassem minha essência?
As paranoias, as preocupações, as suspeitas, o velho
conhecido medo da solidão... parece que foram se espalhando como trepadeiras
tomando conta de um muro, tomando conta de todos os espaços visíveis,
empurrando e acuando até esconderem num buraquinho de reboco aquele otimismo
latente e pulsante, que impulsionava a criatividade e via todo um cosmos de
supernovas e galáxias de formas fantásticas escondidas no brilho de um olho
castanho.
Mas isso não quer dizer que estou morto! O amor se
reinventa, se mata para depois se fazer ressurgir, como uma fênix envolta em
chamas e muito brilho! E se o amor encontra o caminho para se canalizar em
palavras, ele torna-se eterno!
Viva o eterno! Viva o amor!
E que o poeta nunca morra para sempre...